Patrono
29/05/2021 2021-05-29 18:40Patrono
O Patrono
O Patrono
Martim de Freitas foi Alcaide de Coimbra (sec. XIII),
no tempo de D. Sancho II. Quando o futuro D. Afonso III entrou em Portugal (1246) com intenções de depor seu irmão D. Sancho II, conforme encargo papal (Inocêncio IV) que trazia de Roma, muitos castelos entregaram-se-lhe sem luta. Alguns, porém, fiéis aos juramentos prestados a D. Sancho II, resistiram até estarem perdidas todas as esperanças.
De uns e outros nos ficaram inúmeros documentos comprovativos, especialmente dos primeiros, nas Cantigas de escárnio e maldizer. Dos segundos, é paradigmática a figura do alcaide-mor de Coimbra, o célebre Martim de Freitas.

1945
1247
Deposto, D. Sancho partiu exilado para Castela
onde veio a falecer mais tarde (4 de Dezembro de 1248) sendo sepultado na Catedral de Toledo.

O conde de Bolonha, D. Afonso, pusera cerco a Coimbra, que teimosamente recusava render-se. Como em muitos outros lugares, foram feitas inúmeras promessas ao alcaide-mor, Martim de Freitas, a fim de entregar a cidade. Porém, nem as promessas nem os combates conseguiram reduzir os cercados, que, apesar das privações, resistiram largo tempo. Um dia chegou a notícia da morte de D. Sancho II, único modo de quebrar a resistência do alcaide.

Mas Martim de Freitas não quis entregar-se assim de boa-fé. Saiu do castelo, pediu um salvo-conduto a Afonso de Bolonha, atravessou o cerco e dirigiu-se a Toledo: era necessário certificar-se da notícia. Ali, segundo a tradição, conseguiu que abrissem o túmulo do rei e reconhecendo no cadáver os traços do senhor a quem jurara fidelidade, certificou-se da verdade. Pegou na chave da cidade que tinha a seu cargo defender de qualquer inimigo, pousou-a nas mãos do cadáver real e tornou a tomá-la.

Voltou a Portugal e pôde então entregá-la a Afonso III, sem perigo de quebra de juramento, uma vez que se desobrigara da sua palavra. Depois, abriu as portas de Coimbra e deixou que penetrasse na cidade o exército do novo rei. Este, admirado com tal prova de fidelidade, pediu-lhe que conservasse a alcaiadaria da cidade, ao que Martim de Freitas respondeu, negando, que amaldiçoava qualquer dos seus descendentes que recebesse castelo de algum rei e por ele prestasse menagem.